segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Nossa fé e prática são culturais ou cristãs de fato?

No livro cristianismo sem cristo, Michael Horton, nos acusa de termos conseguido o que nunca foi realizado em toda história da cristandade. De alguma forma, conseguimos pregar Cristo crucificado de tal maneira, que poucos são ofendidos; o que foi uma vez um Deus que não se deixa controlar, de repente, parece bonzinho, e o evangelho faz todo sentido - assim como estamos acostumados a fazer sentido. Para Horton, nós simplismente não podemos suportar nos submetermos às maquinações de um Deus vivo, determinando a nos ter em seus termos e não nos nossos. Então, inventamos um deus em nossos próprios termos. Um cristianismo contemporâneo frouxo é o resultado. Nessa saga, as raízes do nosso mal-estar teológico atual são expostos, e vemos os caminhos errados que tomamos quando começamos a nos levar mais a sério que a Deus. Horton alegremente nos relembra de que o pensamento teólogico é mais interessante que todas as distrações que nos mantêm ocupados, porém desnutridos. O argumento de Horton é maravilhoso, se não vejamos: É fácil desviarmos a atenção de Cristo como a única esperança para os pecadores. Quando tudo é medido pela nossa felicidade e não pela santidade de Deus, o sentimento de sermos pecadores se torna secundário, talvez mesmo ofensivo. Se formos um povo bom que perdeu o caminho, mas com intruções e motivações corretas, podemos nos tornar pessoas melhores, precisamos apenas de um treinador de vida, não de um redentor. Aí somos embalados para domir enquanto aparamos nossa mensagem para caber na banalidade da cultura popular e invocamos o nome de Cristo por qualquer coisa, exceto pela salvação do juízo vindouro.
Para Horton, a igreja de hoje está tão obcecada em ser prática, relevante, útil, bem-sucedida e, talvez, até mesmo aceita, que ela quase reflete em si mesma o mundo. A idéia é essa, se você não consegue fazer que as pessoas fiquem melhores com varas, use incentivos. E em todas as aboradagens, há a tendência de fazer de Deus um personagem coadjuvante no filme da nossa própria vida, em vez de sermos reescritos como novos personagens no drama da redenção de Deus. O foca parece ser nossa pessoa e atividade, em vez de Deus e sua obra em Jesus Cristo. Além da pregação, nossas práticas revelam que estamos focados em nós mesmos e em nossas atividades mais que em Deus e em sua obra salvadora entre nós. Em todos os sentidos, a busca pelo sagrado é, em grande medida, orientada para o que acontece dentro de nós, na nossa prórpria experiência pessoal, e não no que Deus fez por nós, na História. Em lugar de deixar que habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamnete em toda sabedoria, louvando a Deus, com salmos e hinos, cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração (Cl 3.16), o propósito de cantar ( a "hora de adoração") parece hoje mais concentrada na nossa oportunidade de manifestar nossa devoção individual, experiência e compromisso. Vamos à igreja, ao que parece, mais para celebrarmos nossa própria transformação e para recebermos novas ordens de marcha para transformar a nós mesmos e o nosso mundo que sermos modificados pelo evangelho. Em vez de sermos arrebatados para o mundo de Deus, chegamos à igreja para descobrir como podemos tornar Deus relevante para o mundo real que o Novo Testamneto identifica como aquele que, na realidade, desaparece. A precupação de Horton é que estamos chegando, perigosamente, perto do lugar da vida cotidiana da igreja em que a Bíblia é minada por citações relevantes, mas é, em grande parte, irrelevante em seus próprios termos; Deus é usado como recurso pessoal, em, lugar de ser conhecido, adorado e confiado; Jesus Cristo é um treinador com um plano de jogo bom para nossa vitória, em vez de um Salvador que já alcançou a vitória para nós; a salvação é mais uma questão de ter nossa vida melhor agora que ser salvo do julgamento de Deus pelo próprio Deus, e o Espírito Santo é uma tomada elétrica que podemos ligar para obter o poder necessário para sermos tudo o que podemos ser. Longe de entrar em conflito com a cultura do consumismo, a religião atual parece não só estar em paz com o narcisismo, mas lhe empresta legitimidade espiritual. Nesse universo religioso, Deus e Jesus são importantes. porém mais como parte de elenco de apoio do nosso próprio show. Estamos igualando as pertubadoras e desorientadoras novas do céu à banalidade de nossas próprias necessidades imediatas sentidas, que interpretam Deus como um comprador pessoal para os adereços do nosso filme-vida: felicidade como entretenimento, salvação como bem-estar terapêutico e missão como êxito pragmático unicamente medido em termos de números. Nos dias atuais, quando se dá valor para o evangelho, frequentemente ele é um meio para um fim, como transformação pessoal ou social, amor e serviço ao nosso próximo e outras coisas, que, em si, são efeitos maravilhosos do evangelho. No entanto, as boas-novas a respeito de Cristo não é um trampolim para algo maior e mais relevante. Percebendo ou não, no universo não há nada mais relevante para nós, culpados portadores da imagem de Deus, que a boa notícia de que ele encontrou uma forma de ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus (Rm 3.26 ). Ele é o poder de Deus para a salvação (Rm 1.16 ) não só para o começo, mas para o meio e o fim também - a única coisa que cria o tipo de mundo novo ao qual nossa obediência corresponde como uma resposta razoável. Na experiência, comprovada por inúmeras histórias de outras pessoas, crentes que desafiam o processo antropocêntrico de banalizar a fé são mais propensos a ser perseguidos- ou, no mínimo, vistos como problemáticas- pela igreja deles. Em fim, a grande preocupação não é que Deus seja tratado de forma tão banal na cultura, mas que não seja levado a sério em nossa própria fé e prática.

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